quinta-feira, 8 de maio de 2014

Language Awareness

5.- Leia o texto e reflexione sobre o tema. Partilhe com os colegas a sua opinião sobre o tema mediante uma redação, gravação, banda desenhada... Tem que conter texto escrito, mas pode combiná-lo com outros recursos. 

Por último encontra algum provérbio no texto e procura algum mais na rede, assim como o seu significado: conheces algum equivalente na tua língua inicial ou noutras línguas? Indica qual e procura, em caso de desconhecer a equivalência, como se diz na tua língua.




Tirado de Notícias magazine, 2005 sem adatar. Em sala de aulas faremos uma leitura do texto adatado que aparece no manual.

Imagem tirada de O Estranho Mundo de Fred (aqui).


De cinco em cinco minutos olhamos para o relógio, queixamo-nos constantemente de que não temos tempo para nada, exigimos tudo o mais rápido possível, enquanto constactamos que tudo à nossa volta gira a uma velocidade estonteante e ficamos frustrados por não termos pedalada para acompanhar o ritmo... Fomos nós atacados pelo "vírus da pressa", qual "epidemia" galopante à escala mundial? Pegando no livro Cada vez mais rápido, de James Gleick, acompanhemos os sintomas desta "febre da aceleração"... e procuremos o antídoto, talvez aqui, e agora..

'"Estamos cada vez mais acelerados, é um facto! Acordamos ao som do despertador, engolimos qualquer coisa rapidamente, corremos para não perder o autocarro ou agarramo-nos ao volante, com o pé a fundo no acelerador, na vã tentativa de serpentear o trânsito, deixamos os miúdos ensonados no colégio, trabalhamos a contra-relógio a pensar na hora de saída, no fim-de-semana, nas férias... Queremos ser os melhores, os mais rápidos, os mais bem sucedidos, mas o que alcançamos não passa, tantas vezes, de um enorme cansaço e de uma amarga sensação de frustração. Sentimo-nos exaustos e impotentes, perante tudo aquilo que gostaríamos de fazer, de ter, de conhecer... e culpamo-nos por não conseguir dar a devida atenção áqueles de quem mais gostamos, por não sermos capazes de acompanhar a torrente de notícias que todos os dias nos entram pelos olhos dentro, por não estarmos a par dos filmes ou dos livros que "toda a gente" conhece... por parecermos lentos e ignorantes, num mundo que se move a uma velocidade vertiginosa.

Será que vai ler este texto até ao fim? Terá "vagar" para isso, entre as mil e uma coisas que gostaria de fazer neste momento? Pois é, começamos mas não terminamos grande parte das tarefas a que nos propomos... O dia continua a ter as mesmas 24 horas e as solicitações (em casa, no emprego, para o lazer...) não param de aumentar, exercendo uma sobrecarga sobre os nossos sentidos, uma tensão constante que os nossos organismos têm que aprender a "metabolizar", não se deixando fragilizar. "Sofremos de tensão", escreve James Gleik. Mas porquê e para quê esta pressa de viver?

Os novos aceleradores do tempo
Você é daqueles que prime o botão de "fecho da porta" do elevador, só para não ter de esperar mais três segundos? Então poderá fazer parte do grupo de pessoas designadas por Personalidade Tipo A. "As pessoas do Tipo A caminham depressa e comem depressa. Terminam as frases que iniciamos. Sentem remorsos por se descontraírem. Tentam realizar duas ou mais tarefas ao mesmo tempo", tentou resumir James Gleick. A verdade é que a sociedade moderna e a poderosa indústria que a sustenta nos instigam cada vez mais a "padecermos" do mal da pressa.

Os elevadores são apenas um dos muitos exemplos dos modernos "aceleradores do tempo". Sem dúvida um dos mais marcantes foi o "conhecimento das horas", que a disseminação dos relógios miniaturizados veio proporcionar, a partir do início do século XX. Hoje estamos cercados por eles, e onde quer que nos encontremos, em casa, no trabalho, nas ruas, no Metro... lá estamos nós à procura dos dígitos que marcam o tempo. Mas os "compressores do tempo" estão presentes nas mais pequenas coisas do quotidiano: no pão fatiado e sem côdea que compramos, nos enlatados e pré-cozinhados que enchem as nossas dispensas e frigoríficos, na fast food dos restaurantes, nas calças de ganga pré-coçadas e pré-remendadas que se vendem "novas" nas lojas! Já não precisamos de fazer o tão esperado bolo de aniversário, compramo-lo pronto, os sumos já não vêm da fruta, vertemo-los do pacote do supermercado! É mais fácil, é mais rápido...

No último século assistimos ao surgimento de várias substâncias "acelerantes", como a famosa Coca-Cola, que foi lançada no mercado com o sugestivo slogan "Dê azo à sua pressa", contendo doses reforçadas de cafeína. O próprio açucar refinado, integrado em cada vez mais alimentos, veio fornecer uma tão rápida quanto aparente dose de energia aos nossos organismos. Bebidas com maior teor de álcool são agora consumidas (em detrimento do tradicional vinho de mesa), cigarros com elevado teor de nicotina e de rápido consumo substituem o velho cachimbo... Speeds e outras drogas de efeitos poderosos imediatos são procurados pelo ilusório "sentimento de excitação e energia" que provocam. "Consumimos os nossos estimulantes e os nossos depressores mais depressa", afirma James Gleick. Para que nada nos falte uns "equilibram" os outros.

Não perdemos a oportunidade de substituir o computador por outro ainda mais rápido, os jogos electrónicos são cada vez mais exigentes e desafiam a nossa velocidade mental, os serviços noticiosos reclamam a nossa atenção múltipla ao exibirem várias informações em simultâneo, os anúncios publicitários recorrem a técnicas sofisticadas e estão cada vez mais compactos... Munidos de telecomandos, saltamos de canal em canal, revelando impaciência face a instantes de pausa ou a momentos de longos planos cinematográficos. "Sempre que aceleramos o presente, como um efeito secundário curioso abrandamos o passado", comenta Gleick. E sempre que nos (pre)ocupamos com o futuro, o presente desaparece mais velozmente! Escapa-se ainda antes de o vivenciarmos. As campanhas de marketing, com o poderoso apelo ao consumo, tornaram-se especialistas em nos fazer envelhecer mais depressa.

Estávamos em pleno mês de Julho, com temperaturas de 40 graus, e já as lojas colocavam à venda a colecção de Inverno! Ainda o ano lectivo não tinha terminado, já líamos por todo o lado "Encomende aqui os seus livros escolares"... Ainda o bebé está no quentinho da barriga da mãe, já os pais andam à procura de um infantário para assegurar que o novo rebento tenha entrada imediata aos três meses de idade!!! Por falar em antecipação, já começou a fazer as compras de Natal, como manda a obrigação, perdão, a tradição? Há quem tenha começado em Agosto, não fosse faltar-lhe o tempo...

A era da velocidade
"Nós humanos, optámos pela velocidade e desenvolvemo-nos nela - mais do que gostamos de o admitir. A nossa capacidade de trabalhar depressa e brincar depressa confere-nos poder. Faz-nos estremecer. Se há uma única hormona cujo nome aprendemos, essa hormona é a adrenalina. Não admira que associemos satisfação a algo de súbito (...) A instantaneidade impera sobre as nossas vidas emocionais", escreve Gleick.

Nunca corremos tanto como hoje. Nunca a nossa civilização foi tão marcada pela velocidade, pelo ritmo, pela sincronização e pelo desejo imperioso de controlar o tempo. "Antes da era das máquinas, poucas pessoas tinham uma experiência directa do movimento uniforme, na forma em que é expresso pelas equações de Newton. A velocidade estabilizada apareceu com os comboios". E foi intensificada, com o aparecimento do automóvel, que nos permitiu assumir o controlo do movimento e nos trouxe uma ilusória (e perigosa) sensação de "poder".

A velocidade é, afinal, uma "conquista" recente na História da Humanidade. Tal como a noção de sincronicidade. O desenvolvimento das redes de transportes e comunicações permitem-nos realizar autênticos "milagres", alguns inimagináveis há poucos anos... Conseguimos em poucas horas percorrer distâncias que antes demoravam dias, semanas, ou até vários anos! Podemos estar permanentemente contactáveis através do telemóvel, enviar mensagens escritas em fracções de segundo, estabelecer ligações para qualquer parte do mundo via internet, assistir em directo na tv ao desencadear de guerras ou outros acontecimentos "notáveis". A evolução tecnológica procura dar-nos respostas em "tempo real", encurtando distâncias, tentando abolir as barreiras do espaço e do tempo. E não pára de nos surpreender todos os dias.

A ditadura do relógio

Se lhe retirassem todos os relógios ao seu alcance, e todos os indicadores do tempo (como as notícias na rádio ou na tv), acha que conseguia ter uma noção das horas do dia? Claro que sim, dirá, basta olhar para as filas de trânsito observar a abertura e o fecho das lojas, o movimento das pessoas nas ruas, etc... Mas então e olhar para o sol, como fizeram durante milhares de anos os nossos antepassados? A verdade é que perdemos por completo a capacidade de nos orientarmos pelo sol, de nos guiarmos pelos astros... e ainda que conhecêssemos essa arte, de pouco ou nada nos serviria porque o tempo foi padronizado.

A obcessão por determinar a hora exacta fez com que, nas últimas décadas, os cientistas deixassem de fixar o tempo em função de referências astronómicas. "A referência absoluta passou das estrelas para os feixes atómicos no interior dos cofres", refere James Gleick. A hora exacta é definida por concenso mundial e por decreto. (...) Relógios atómicos, com milhões de peças, localizados em vários pontos do planeta verificam em conjunto e continuamente cada fracção de segundo. Ou, para sermos mais rigorosos, cada nanosegundo: a milésima parte da milionésima parte de um milisegundo. Mas apesar de todos os esforços, o tempo parece escapar a qualquer tentativa de medição: diferenças nos campos gravitacionais podem fazer com que esses mesmos relógios atómicos andem mais depressa ou mais devagar!

Para quê subdividir o tempo em escalas tão comprimidas? mal conseguimos ter a noção de um milisegundo, quanto mais de um nanosegundo...
Mas a sua importância é crucial para os sistemas de comunicação à escala mundial e para a sincronização , sem a qual, por exemplo, as redes de telefones celulares ou as transmissões por satélite não funcionam correctamente. Apercebemo-nos de imediato quando há um defasamento entre o som e a imagem que vemos na televisão, ou ainda quando a nossa voz parece fazer "eco" ao telefone.

Já não podemos viver sem a "hora exacta". Existem horários estabelecidos para quase tudo, no emprego, nas escolas, no comércio, nos serviços, nos transportes... e a mínima descoordenação dos ponteiros do relógio pode causar enormes transtornos ou mesmo graves acidentes basta imaginar o que pode suceder se uma composição do Metro avançar mais depressa do que era suposto, ou se um avião não cumprir a rota e a velocidade estabelecidas). Fracções de segundo podem fazer a diferença.

Quanto mais depressa...

Mais devagar! Lembramo-nos deste ditado popular mas só depois de entornarmos o café, que engolimos enquanto calçamos os sapatos e falamos ao telefone! Estamos constantemente em multitarefa (como gostam de dizer os "especialistas") e nem o acto de dormir (a pausa regeneradora por excelência) escapa a esta tensão, ao ser induzido tantas vezes por tranquilizantes e perturbado por ruídos e outras formas de poluição. Níveis crescentes de ansiedade e stress afectam cada vez mais pessoas, desde idades muito precoces. Bebés deprimidos, crianças hiperactivas, adolescentes em risco... são apenas alguns dos custos a pagar por este "aceleramento" excessivo.

A promessa de trabalharmos menos e de termos mais disponibilidade para a família e para o lazer, não passa de um logro! "Acreditamos possuír demasiado pouco: é um mito no qual agora vivemos", refere Gleick. "As pessoas têm, frequentemente dois empregos e trabalham mais tempo no seu emprego principal (...). Gozam menos férias e fazem mais horas extraordinárias. Como se não bastasse, ainda passam mais tempo a viajar de e para o emprego". Acumulamos tarefas, obrigações, empréstimos... e dores de cabeça, como se fosse uma fatalidade do destino, ao qual não conseguimos escapar.

"O tempo desocupado está a desaparecer. As indústrias do lazer (...) preenchem o tempo do mesmo modo que um lençol de água preenche um poço", escreve Gleick. Até as crianças, mantidas em constante actividade, deixaram de ter tempo para brincar à sua maneira, para desenvolver a espontaneidade e a criatividade. Pensar, reflectir, observar, ficar em silêncio, fazer "nada", mais parece um luxo do que uma necessidade básica do ser humano.

A economia moderna vive obcecada por poupar tempo, por produzir mais e mais, gastando cada vez menos. Tudo parece crescer rapidamente, desde os frangos de aviário, aos agriões ou aos salmões dos viveiros. Mas graças à utilização abusiva de fertilizantes e pesticidas, e ao recurso de hormonas, antibióticos e outros medicamentos. Todos os dias surgem milhares de novos produtos no mercado, e milhões de outros vão parar às lixeiras, tornando-se uma incómoda fonte de poluição - materiais sintéticos, rápidos de fabricar, tornam-se em poluentes de longa duração. A celeridade efémera do presente compromete seriamente o futuro.

Parar para viver

Associamos velocidade a inteligência, queremos pensar rapidamente, aprender rapidamente, decidir rapidamente. De alguma maneira agrada-nos a sensação de estarmos em permanente ebulição, sintonizados com o frenesim produtivo... e resistimos a abrandar, a parar, a pensar, a reflectir sobre o que nos move e para onde nos dirigimos. Por vezes, andamos que nem o Coelho da Alice no País das Maravilhas, ofegantes a correr de um lado para o outro, para nos encontrarmos invariavelmente no mesmo sítio, num labirinto que nós próprios engendrámos.

De nada nos vale tentar escapar aos momentos de pausa, o nosso ritmo biológico reclama descanso e tudo na natureza se sucede em ciclos de actividade e repouso. "Se não compreendermos o tempo, tornar-nos-emos em suas vítimas", adverte Gleick. Mas afinal o que é o tempo? Para que serve? Como o podemos definir?... O tempo "psicológico", pautado pelo bater do coração e pelo fervilhar dos neurónios, parece nada ter a ver com o tempo "físico" dos relógios: passa devagar quando estamos chateados ou impacientes, e demasiado depressa quando nos sentimos bem... A forma como vivenciamos o "tempo" reflecte quem somos.

"Poderá ajudar pensar no tempo como um fluxo contínuo (...), não é algo que tenhamos perdido, não é nada que já tenhamos tido. É aquilo em que vivemos. Podemos andar à deriva nas suas correntes ou podemos nadar". A escolha é nossa. Se tivermos tempo para isso!"'


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